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O capítulo 14 contém 46 versos divididos em 21 aulas, totalizando 12:22hs.
Obs.: Os Primeiros versos desse capítulo se iniciaram na aula anterior (135) aos 11 minutos.
Iniciamos hoje um novo capítulo da Uddhava-gita, onde Krishna vai explicar o sistema de yoga. Nesta aula destacamos a importância de não perder o foco, de saber o que é mais importante e o que é secundário, para assim progredir com propósito na vida, conquistando avanços reais. Versos 1 e 2.
Versos 1 e 2 em Sânscrito
śrī-uddhava uvāca
vadanti kṛṣṇa śreyāṁsi
bahūni brahma-vādinaḥ
teṣāṁ vikalpa-prādhānyam
utāho eka-mukhyatā
bhavatodāhṛtaḥ svāmin
bhakti-yogo ’napekṣitaḥ
nirasya sarvataḥ saṅgaṁ
yena tvayy āviśen manaḥ
Krishna começa a responder Uddhava, explicando como o conhecimento védico é transmitido, e como Ele começou dando este conhecimento ao Senhor Brahma no início de cada criação Universal e então Brahma ensina a seu filho, que então passa o conhecimento para os 7 sábios. Falamos do sistema de parampara, sucessão discipular, e da importância desta linha, do guru, sempre se manter fiel ao texto sagrado original, como a Bhagavad-gita e Srimad Bhagavatam, apontando ao fato que existem muitos gurus que dizem aceitar a Bhagavad-gita, mas diretamente praticam e ensinam algo contrário ao que lá se encontra. Versos 3 e 4.
Versos 3 e 4 em Sânscrito
śrī-bhagavān uvāca
kālena naṣṭā pralaye
vāṇīyaṁ veda-saṁjñitā
mayādau brahmaṇe proktā
dharmo yasyāṁ mad-ātmakaḥ
tena proktā sva-putrāya
manave pūrva-jāya sā
tato bhṛgv-ādayo ’gṛhṇan
sapta brahma-maharṣayaḥ
Krishna explica como surgem no Universo muitas diferentes civilizações, diferentes espécies e raças de seres avançados. Dessa forma existem variedades de esquecimento de Deus, de hábitos e inclinações materiais. Por isso, na cultura védica, existem tantos rituais, mantras e processos variados. Mas os processos variados não direcionam para fins variados. São muitos processos para um único objetivo final - perfeita união amorosa com Deus. Abordamos também o tema da evolução e surgimento das espécies. Versos 5 ao 7.
Na palestra menciono um documentário sobre a perseguição no mundo acadêmico àqueles que sugerem que a teoria da evolução esteja errada. Aqui vai: https://pt.wikipedia.org/wiki/Expelle....
Versos 5 ao 7 em Sânscrito
tebhyaḥ pitṛbhyas tat-putrā
deva-dānava-guhyakāḥ
manuṣyāḥ siddha-gandharvāḥ
sa-vidyādhara-cāraṇāḥ
kindevāḥ kinnarā nāgā
rakṣaḥ-kimpuruṣādayaḥ
bahvyas teṣāṁ prakṛtayo
rajaḥ-sattva-tamo-bhuvaḥ
yābhir bhūtāni bhidyante
bhūtānāṁ patayas tathā
yathā-prakṛti sarveṣāṁ
citrā vācaḥ sravanti hi
Krishna explica a diversidade de pensamentos que existem no mundo. Diversas linhas teístas, diversas linhas ateístas, ele explica que isso acontece sempre, no Universo inteiro. Cada um fala o que acha que é bom para si mesmo, como se fosse a melhor coisa. Então, há a necessidade de realmente usar a inteligência para desvendar o que é melhor, buscar a "autoridade" por trás de cada declaração e pensamento. Como fazer isso foi um dos temas da aula. Versos 8 e 9.
Versos 8 e 9 em Sânscrito
evaṁ prakṛti-vaicitryād
bhidyante matayo nṛṇām
pāramparyeṇa keṣāñcit
pāṣaṇḍa-matayo ’pare
man-māyā-mohita-dhiyaḥ
puruṣāḥ puruṣarṣabha
śreyo vadanty anekāntaṁ
yathā-karma yathā-ruci
Krishna lista objetivos ensinados e buscados por pessoas, entre eles bons e outros completamente ilusórios. Mas, em todos os casos, Ele explica que, sem a meta suprema, o resultado é temporário e mesmo obtendo sucesso naquele objetivo, a pessoa continua sofrendo. Falamos então da importância de conhecer um processo completo, de entender as técnicas secundárias e as primárias, e, mais ainda, ter foco na meta suprema, na busca transcendental. Versos 10 e 11.
Versos 10 e 11 em Sânscrito
dharmam eke yaśaś cānye
kāmaṁ satyaṁ damaṁ śamam
anye vadanti svārthaṁ vā
aiśvaryaṁ tyāga-bhojanam
kecid yajñaṁ tapo dānaṁ
vratāni niyamān yamān
ādy-anta-vanta evaiṣāṁ
lokāḥ karma-vinirmitāḥ
duḥkhodarkās tamo-niṣṭhāḥ
kṣudrā mandāḥ śucārpitāḥ
Entramos a fundo na discussão dos objetivos da vida e como diferentes objetivos trazem resultados enormes, não só externos, mas na qualidade da experiência de vida. E como, mudando nossas prioridades, nosso foco interno, podemos mudar enormemente nossa experiência de vida sem alterar tanto nossa vida externa. Verso 12.
Verso 12 em Sânscrito
mayy arpitātmanaḥ sabhya
nirapekṣasya sarvataḥ
mayātmanā sukhaṁ yat tat
kutaḥ syād viṣayātmanām
Lemos dois versos lindos descrevendo o estado de consciência do espiritualista perfeito, no caminho do yoga. Analisamos item por item as características descritas por Krishna e explicamos como elas trazem alegria e felicidade sem fim. Versos 13 e 14.
Versos 13 e 14 em Sânscrito
akiñcanasya dāntasya
śāntasya sama-cetasaḥ
mayā santuṣṭa-manasaḥ
sarvāḥ sukha-mayā diśaḥ
na pārameṣṭhyaṁ na mahendra-dhiṣṇyaṁ
na sārvabhaumaṁ na rasādhipatyam
na yoga-siddhīr apunar-bhavaṁ vā
mayy arpitātmecchati mad vinānyat
Lemos um lindo verso onde Krishna explica que Ele ama mais Seu devoto do que Shiva, Brahma, Lakshmi e até a si mesmo. Falamos então sobre a importância do amor, como é o objetivo final de todo processo espiritual, do yoga, mas explicando que este amor é específico. É detalhado e fundamentado por todo um corpo enorme de conhecimento, de filosofia e compreensão espiritual. Bhakti não é algo vago. Verso 15.
Verso 15 em Sânscrito
na tathā me priyatama
ātma-yonir na śaṅkaraḥ
na ca saṅkarṣaṇo na śrīr
naivātmā ca yathā bhavān
Krishna continua declarando seu amor pelos devotos, dizendo que a poeira dos pés de lótus deles purificam os Universos e que Ele os segue. Em seguida Ele descreve as qualidades do devoto perfeito, ou seja, da pessoa perfeitamente iluminada. Verso 16.
Verso 16 em Sânscrito
nirapekṣaṁ muniṁ śāntaṁ
nirvairaṁ sama-darśanam
anuvrajāmy ahaṁ nityaṁ
pūyeyety aṅghri-reṇubhiḥ
Krishna explica mais 6 qualidades de uma alma autorrealizada e perfeita, com foco na diferença entre buscar o prazer e gratificação dos sentidos aqui no mundo material, e o prazer e felicidade incomparáveis que esta alma autorrealizada acessa por se desapegar do mundo. Falamos das qualidades mencionadas e como caminhar em direção a elas e então falamos do curioso conceito do yoga de não correr atrás do prazer material mas em troca conseguir um prazer espiritual incomparável. Verso 17.
Verso 17 em Sânscrito
niṣkiñcanā mayy anurakta-cetasaḥ
śāntā mahānto ’khila-jīva-vatsalāḥ
kāmair anālabdha-dhiyo juṣanti te
yan nairapekṣyaṁ na viduḥ sukhaṁ mama
Krishna, depois de ter explicado o estado de pura e perfeita consciência de uma alma autorrealizada com bhakti, agora explica que mesmo que um bhakta (um devoto de Deus) não esteja ainda com domínio total de sua mente e cometa deslizes, ainda assim o poder de bhakti é tal que ele ou ela não será desviada do caminho da iluminação, e então explica que bhakti queima a cinzas o pecado como um fogo ardente queima a cinzas uma lenha. Versos 18 e 19.
Versos 18 e 19 em Sânscrito
bādhyamāno ’pi mad-bhakto
viṣayair ajitendriyaḥ
prāyaḥ pragalbhayā bhaktyā
viṣayair nābhibhūyate
yathāgniḥ su-samṛddhārciḥ
karoty edhāṁsi bhasmasāt
tathā mad-viṣayā bhaktir
uddhavaināṁsi kṛtsnaśaḥ
Krishna fala que nada traz tanto poder quanto Bhakti, o poder de até mesmo controlar Ele. Explicamos as diferentes formas de adquirir poder na cultura védica, comparando os processos de meditação mística em yoga, o poder de seguir o dharma, do cultivo de conhecimento e, por último, bhakti! Falamos também o que significa bhakti imaculado, explicando as contaminações por "trabalho fruitivo" e "especulação filosófica". Verso 20.
Verso 20 em Sânscrito
na sādhayati māṁ yogo
na sāṅkhyaṁ dharma uddhava
na svādhyāyas tapas tyāgo
yathā bhaktir mamorjitā
Krishna agora explica o poder de bhakti e como bhakti pode ajudar todos, independente de quem sejam, de qual nascimento tiveram, a alcançar a perfeição nesta vida. Falamos então deste conceito supremamente importante no caminho do yoga: unicidade - ver todos como irmão, ver a unidade entre todo ser vivo, o que dizer de todos seres humanos. Somos todos um. Versos 21 e 22.
Versos 21 e 22 em Sânscrito
bhaktyāham ekayā grāhyaḥ
śraddhayātmā priyaḥ satām
bhaktiḥ punāti man-niṣṭhā
śva-pākān api sambhavāt
dharmaḥ satya-dayopeto
vidyā vā tapasānvitā
mad-bhaktyāpetam ātmānaṁ
na samyak prapunāti hi
Krishna fala sobre a necessidade de atingir os sintomas de êxtase espiritual para finalizar o processo da purificação da consciência, descrevendo a sequência de experimentar o arrepio dos pêlos, lágrimas de amor, com isso experimentando e se ocupando puramente em amor a Krishna e por último purificando a consciência por completo. Na aula enfatizamos a importância da prática de bhakti como parte de nosso processo de despertar. Verso 23.
Verso 23 em Sânscrito
kathaṁ vinā roma-harṣaṁ
dravatā cetasā vinā
vinānandāśru-kalayā
śudhyed bhaktyā vināśayaḥ
Krishna agora menciona mais sintomas de êxtase espiritual, descrevendo o estado de loucura devocional, com canto, dança e voz embriagada, e conclui explicando que tal nível elevado de bhakti, de devoção a Ele, purifica todo o Universo. Falamos então da importância do "fogo", da intensidade do esforço, para a elevação espiritual. Versos 24 e 25.
Versos 24 e 25 em Sânscrito
vāg gadgadā dravate yasya cittaṁ
rudaty abhīkṣṇaṁ hasati kvacic ca
vilajja udgāyati nṛtyate ca
mad-bhakti-yukto bhuvanaṁ punāti
yathāgninā hema malaṁ jahāti
dhmātaṁ punaḥ svaṁ bhajate ca rūpam
ātmā ca karmānuśayaṁ vidhūya
mad-bhakti-yogena bhajaty atho mām
Tendo explicado os mais elevados níveis de perfeição espiritual, agora Krishna explica a receita universal do progresso espiritual: sravana e kirtana, ou seja, o progresso de focar a mente em ouvir sobre Krishna e falar ou cantar sobre Ele. Na aula destacamos 3 aspectos diferentes de "ouvir": ouvir as histórias (lilas) de Krishna, ouvir a filosofia (como essa aula) e ouvir os mantras em kirtan. Versos 26 e 27.
Versos 26 e 27 em Sânscrito
yathā yathātmā parimṛjyate ’sau
mat-puṇya-gāthā-śravaṇābhidhānaiḥ
tathā tathā paśyati vastu sūkṣmaṁ
cakṣur yathaivāñjana-samprayuktam
viṣayān dhyāyataś cittaṁ
viṣayeṣu viṣajjate
mām anusmarataś cittaṁ
mayy eva pravilīyate
Em versos que soam machistas e duros de engolir, Krishna começa a detalhar a mentalidade do yogi renunciado, que precisava largar tudo para dedicar sua vida à meditação em um local isolado para o resto da vida. Mas não é machismo. São declarações de renúncia total que os yogis masculinos precisavam fazer para se afastar de todos envolvidos com uma vida normal de família ou sociedade. Versos 28 ao 30.
Versos 28 ao 30 em Sânscrito
tasmād asad-abhidhyānaṁ
yathā svapna-manoratham
hitvā mayi samādhatsva
mano mad-bhāva-bhāvitam
strīṇāṁ strī-saṅgināṁ saṅgaṁ
tyaktvā dūrata ātmavān
kṣeme vivikta āsīnaś
cintayen mām atandritaḥ
na tathāsya bhavet kleśo
bandhaś cānya-prasaṅgataḥ
yoṣit-saṅgād yathā puṁso
yathā tat-saṅgi-saṅgataḥ
Nesta aula lemos vários versos da descrição que Krishna faz de como meditar, de como seguir o caminho do yoga místico, descrevendo processos de pranayama e o foco na forma da Superalma no coração. Nesses versos encontramos a descrição completa da forma de Deus em tudo e todos: Paramatma. Versos 31 ao 42.
Versos 31 ao 42 em Sânscrito
śrī-uddhava uvāca
yathā tvām aravindākṣa
yādṛśaṁ vā yad-ātmakam
dhyāyen mumukṣur etan me
dhyānaṁ tvaṁ vaktum arhasi
śrī-bhagavān uvāca
sama āsana āsīnaḥ
sama-kāyo yathā-sukham
hastāv utsaṅga ādhāya
sva-nāsāgra-kṛtekṣaṇaḥ
prāṇasya śodhayen mārgaṁ
pūra-kumbhaka-recakaiḥ
viparyayeṇāpi śanair
abhyasen nirjitendriyaḥ
hṛdy avicchinam oṁkāraṁ
ghaṇṭā-nādaṁ bisorṇa-vat
prāṇenodīrya tatrātha
punaḥ saṁveśayet svaram
evaṁ praṇava-saṁyuktaṁ
prāṇam eva samabhyaset
daśa-kṛtvas tri-ṣavaṇaṁ
māsād arvāg jitānilaḥ
hṛt-puṇḍarīkam antaḥ-stham
ūrdhva-nālam adho-mukham
dhyātvordhva-mukham unnidram
aṣṭa-patraṁ sa-karṇikam
karṇikāyāṁ nyaset sūrya-
somāgnīn uttarottaram
vahni-madhye smared rūpaṁ
mamaitad dhyāna-maṅgalam
samaṁ praśāntaṁ su-mukhaṁ
dīrgha-cāru-catur-bhujam
su-cāru-sundara-grīvaṁ
su-kapolaṁ śuci-smitam
samāna-karṇa-vinyasta-
sphuran-makara-kuṇḍalam
hemāmbaraṁ ghana-śyāmaṁ
śrīvatsa-śrī-niketanam
śaṅkha-cakra-gadā-padma-
vanamālā-vibhūṣitam
nūpurair vilasat-pādaṁ
kaustubha-prabhayā yutam
dyumat-kirīṭa-kaṭaka-
kaṭi-sūtrāṅgadāyutam
sarvāṅga-sundaraṁ hṛdyaṁ
prasāda-sumukhekṣaṇam
su-kumāram abhidhyāyet
sarvāṅgeṣu mano dadhat
indriyāṇīndriyārthebhyo
manasākṛṣya tan manaḥ
buddhyā sārathinā dhīraḥ
praṇayen mayi sarvataḥ
Vemos aqui um trecho muito importante, com um raro conhecimento espiritual, onde Krishna explica a transição do caminho de meditação pura para o estado perfeito da vida iluminada, do encontro pessoal e existência lado a lado com Krishna. Versos 43 ao 45.
Versos 43 ao 45 em Sânscrito
tat sarva-vyāpakaṁ cittam
ākṛṣyaikatra dhārayet
nānyāni cintayed bhūyaḥ
su-smitaṁ bhāvayen mukham
tatra labdha-padaṁ cittam
ākṛṣya vyomni dhārayet
tac ca tyaktvā mad-āroho
na kiñcid api cintayet
evaṁ samāhita-matir
mām evātmānam ātmani
vicaṣṭe mayi sarvātman
jyotir jyotiṣi saṁyutam
Encerramos o capítulo14 com a explicação de Krishna sobre o caminho do yoga com um verso simples e importante, que define o objetivo final do yoga. Começamos então o Capítulo 15 cujo tópico será os poderes místicos, os superpoderes, do yoga. Verso 46.
Verso 46 em Sânscrito
dhyānenetthaṁ su-tīvreṇa
yuñjato yogino manaḥ
saṁyāsyaty āśu nirvāṇaṁ
dravya jñāna-kriyā-bhramaḥ
Capítulo 15 - Verso 1 em Sânscrito
śrī-bhagavān uvāca
jitendriyasya yuktasya
jita-śvāsasya yoginaḥ
mayi dhārayataś ceta
upatiṣṭhanti siddhayaḥ